(...)Candado de tantas recordações,afasto-me do relógio e caminho até a janela,olho para fora.
Assombrado,em vez de ver os costumeiros edifícios,cujos fundos dão para o meu apartamento em Ipanema,o que eu vejo é uma mangueira-a mangueira do quintal de minha casa,em Belo Horizonte.Vejo até uma manga amarelinha de tão madura,como aquela que um dia quis dar mara Mariana e por causa dela acabei matando uma rolinha.Daqui da minha janela posso avistar todo o quinta,como antigamente:a caixa de areis que um dia transformei numa piscina,o bambuzal de onde parti para o meu primeiro voo.Volto-me para dentro e descubro que já não estou na sala cheia de estantes com livros do meu apartamento,mas no meu quarto de menino;a minha cama e a do Toninho,o armário de cujo espelho um dia se destacou um menino igual a mim (...)
(Trecho do livro O menino no espelho-Fernado Sabino)
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